15 de ago. de 2014

Show me love - 1





*Brooke's P.O.V*
-Anda logo! Uma puta demora tanto assim pra se arrumar?!- Diz o segurança entrando nas cochias e me puxando pelo braço enquanto tento terminar de passar meu querido vermelhinho.
Que merda! Já que eu vou ter que fingir gostar disso, podiam deixar eu me arrumar! Odeio quando me chamam de algo que eu não sou, principalmente algo que defina meu caráter. Putas são putas por terem motivos pra fazer o que fazem, sendo assim não sou uma delas.
Faltam menos de 3 minutos para o meu "show", então vou explicar bem rápido: sou uma dançarina de polle dance. Se você acha ruim, saiba que antes disso, nesse mesmo lugar, eu fui stripper. Quantos anos eu tenho? 19. Quando comecei? Com 16. Se eu quis? ...

Entro vestida de Mulher-Gato, ou seja, com somente algumas partes da fantasia. Não sei porque os homens podem se sentir confortáveis enquanto eu tenho que fingir estar bem com um projeto de calcinha enfiado no meu útero. 
Ah, minha música dessa noite é Pussy. (link)

Quando ouço a batida não muito estranha, meu corpo reage como o esperado, no início era difícil agir como a mulher mais desejada daquele lugar, mas agora essa é minha rotina.

A dança corre como o esperado, posso ser nova mas sustento esse lugar. Todos que estão aqui, vem por causa de mim "A estrela negra de Liverpool". Dizem que sou a polle dancer mais famosa de Londres, mas sou apenas mais uma delas.
Logo quando eu estava dando meus últimos passos na barra, vejo um rosto diferente vindo em direção ao meu palco. Nunca tinha visto esse cara por aqui, e acho meio difícil eu me enganar já que estou presa aqui desde que me entendo por gente. 

A tortura finalmente termina e eu saio, dando lugar à outras vítimas. Os gritos que, antes me amedrontavam, hoje me deixam aliviada, pois sei que vou poder dormir sem nenhuma nova cicatriz. Quando desço do palco a próxima coisa a ser feita é socializar com todos os porcos presentes, ou seja, tenho que ir à todos os balcões, passar por todas as mesas... E esse lugar é enorme! Você deve estar se perguntando sobre o dinheiro que eu deveria pegar no palco, mas aqui eles não podem fazer isso, só para me ver dançar já pagam bastante com suas vidas.

Não posso nem beber durante minha "caminhada rumo ao sexo", ao menos que um cliente me alugue e pague uma pra mim. Muitos querem passar a noite comigo, mas sou a mais cara desse lugar. Desculpe se parece que gosto disso tudo, mas não, eu ODEIO.

Quando chego ao primeiro dos 4 balcões, aquele cara estranho está lá. Não imagine ele com apenas um tufo de cabelo, olhos de vidro e sem os dentes da frente só porque digo estranho, ele até que é bonito, mas tem cara de que adora queimar uma erva. Cabelos castanhos levemente cacheados, olhos verdes e um volume abaixo da cintura que até me fez gostar de estar aqui.

Conheço todos e todos me conhecem, então dou o meu jeito e arrumo um Blue Lagon só para ficar mais um pouco e ver o que o senhor cachinhos vai fazer. Mas logo depois me arrependo, rola aquela troca de olhares do tipo "Hey gata, quero te comer", mas ele já devia saber que aqui isso não quer dizer nada.

Passei mais tempo do que devia aqui, e só sei disso porque Zayn, o pau mandado, passou por mim e mordeu os lábios. Ele faz isso toda vez que me machuca, diz que dá tesão, mas aposto que ele não aguentaria nem as preliminares, desculpe mas esse é o meu trabalho.
Rapidamente fui em direção às mesas, passei por lá e um cara que provavelmente não tinha dinheiro nem para pagar as bebidas que estava entornando pela garganta, apertou minha bunda de um jeito que vai deixar marcas. Jeremy, o dono desse inferno, só levantou aquele maldito dedo e logo apareceram três dos milhares de seguranças que trabalham nesse lugar. O pobre homem nem teve tempo de terminar a bebida.

Exausta, já no último bar, me encosto virada para a multidão. Fico perdida entre a batida induzente ao sexo e aquelas pobres almas dançando, até que Kate aparece e, escondido, me entrega um copo de Vodka.
-Conseguiu alguém?- Ela pergunta com um ar de preocupação.
-Ainda não, mas porque? Acho que todos aqui já me viram abrindo as pernas.
-Brooke, não fale assim, você sabe que em comemorações Jeremy gosta de todos os quartos cheios, pricipalmente se for com você.
Quando eu me virei para responder, vi aquele cara vindo em minha direção e já sabia o que ele queria. Quando vi seus lábios se movimentando, me virei novamnte e o esperei falar.
-Quanto?- Sua voz era capaz de provocar orgasmos, mas isso é o que eu mais tenho na vida, já está enjoando.
-Mais do que você pode pagar.- Respondi sendo fiel ao antigo jogo da sedução.
-Pensei que você estava precisando de ajuda.- Fui tomada pela adrenalina, quem ele pensa que é?
-De você, acho que não quero nada.- Disse e fui em direção às cochias.
Lá, várias meninas estavam se preparando para entrar, colocando absorventes internos e tomando pílulas dadas pelo digníssimo Jeremy, segundo ele, aqueles remédios nos faziam bem. São só pra nós não engravidarmos, já que uma puta grávida não dá lucro.
Ah, esse inferno tem nome, The Black House, e Kate é a stripper mais velha daqui, tem 40 anos, hoje em dia trabalho somente no bar. De certa forma, o Jeremy sempre acaba a obedecendo. Viu todas as outras sendo mortas por ficarem grávidas, se apaixonarem, tentarem fugir ou por outros motivos "dignos de morte" como diz Jeremy. Ela me criou e me ensinou tudo que sei além de chupar um pau. É a mãe que eu nunca tive. 
Jeremy é o dono desse lugar, de uns tempos pra cá, ele queria colocar Zayn como seu sócio, mas não tem dado muito certo. 
Assim que eu consigo achar um cigarro em meio a tantos pacotes de preservativo, Mila, uma das strippers, chega até mim.
-Zayn disse que o quarto 36 é seu.
-Puta merda! Eu já disse que não gosto daquele quarto!
-Quer que eu vá no seu lugar? Não vou dançar hoje.
-Não, tudo bem. Eu já to acostumada com essa consideração que ele tem por mim.- Digo ironicamente, acostume-se, sou assim 25 horas por dia.
Disse e fui em direção ao lugar que eu mais odiava ali, se é que isso é possível. Quando abri a porta, vi o senhor cachinhos sentado como um mafioso italiano em cima da cama. Seu olhar me transmitia desejo e luxúria, me olhava como se eu fosse um prêmio à ser conquistado, mas pela sua cara parecia que conquistas eram o seu forte. 
-Então você realmente tem dinheiro.- Começei a conversa, como sempre.
-Muito mais do que você custa.
A pior parte de fazer o que eu faço é ter que ouvir de todos que você não tem valor e que não faz diferença estar viva ou não. Se fosse qualquer outra sairia com lágrimas nos olhos, mas eu já não ligo. Essa não foi a pior coisa que eu já ouvi de um dos homens com quem eu já dormi. 
-E como consegue tudo isso? 
-Acho que paguei por uma transa, e não por uma entrevista. 
-Desse jeito tudo o que você vai conseguir vai ser um chute no saco, se é que você tem um.- Digo mesmo sabendo que ele tinha, e que poderia ser um dos melhores.
-Eu paguei bem caro, então eu espero que seja bom e tudo o que eu ouça sair da sua boca sejam gemidos ao invés de provocações.
-Você é extremamente broxante.
-Você é extremamente abusada.
-Abusada? Todas as noites eu vou pra um quarto com alguém que eu nem conheço! Então não, eu não sou abusada! Só estou fazendo meu trabalho!
Após essa conversa super excitante, eu ainda estava em pé e aquele silêncio constrangedor se instalou no ambiente. Isso é uma coisa que não me acontece, já que constrangedor é a palavra que define meu trabalho.
-Você vai tirar a roupa ou eu vou ter que fazer isso também?
-Desisto, se divirta, aposto que você sabe bater uma bela punheta.- Digo, saio e bato a porta. Okay que eu já dei pra coisa pior, mas aquele cara é impossível.